A Transformação Digital (TD) domina a pauta global, mas o fantasma do insucesso ainda assombra a maioria das corporações. A McKinsey e a Harvard Business Review apontam que apenas 30% das iniciativas de TD alcançam sucesso sustentável. Em outras palavras, este baixo índice demonstra que o problema da TD não está na tecnologia, mas sim na estratégia, na cultura e na execução da jornada transformação digital.
De fato, muitos líderes iniciam a TD investindo em ferramentas de buzzword (IA, Nuvem, IoT) sem um roteiro claro ou alinhamento com os objetivos de negócio. A princípio, este erro estratégico é o que separa as empresas que apenas digitalizam processos daquelas que transformam seu modelo de valor. Por conseguinte, para capturar o valor real da TD, a alta liderança deve associar a tecnologia a um conjunto de melhores práticas de gestão.
Portanto, este artigo é um guia prático e definitivo. Vamos explorar os 5 passos cruciais para estruturar uma jornada transformação digital eficaz, saindo da inércia e garantindo que sua empresa alcance resultados mensuráveis e duradouros. Além disso, focaremos em como a liderança deve agir em cada etapa.
Passo 1: Liderança e visão de futuro
O primeiro e mais crucial passo da jornada transformação digital é a adesão e o alinhamento da liderança. Afinal, sem o patrocínio ativo do CEO e do Conselho, qualquer iniciativa digital morrerá em algum silo da organização. Por isso, o comprometimento do C-Level é inegociável.
1. Patrocínio ativo e fluência digital
A primeira etapa exige que os líderes não apenas endossem o projeto, mas que realmente o promovam, tornando-se patrocinadores ativos e visíveis da mudança. Isto é, começa com o aumento da fluência digital dos próprios executivos, permitindo que eles se sintam à vontade para alocar despesas operacionais e tomar decisões de capital no nível corporativo. Ademais, a McKinsey reforça que a falta de alinhamento da liderança é o que leva a iniciativas mal dimensionadas.
2. Centralidade no cliente e visão 10x
A TD não é sobre tecnologia; pelo contrário, é sobre o cliente. O líder deve alinhar a TD às metas ambiciosas do negócio, focando na centralidade do cliente e em roadmaps que ofereçam novas experiências. Em vez disso, de buscar melhorias de 10%, a visão deve ser 10x — buscando o crescimento exponencial através de novos modelos de negócio e serviços. Analogamente, deve-se pensar em disrupção, não apenas em otimização.
📊 Box estatístico
80% dos executivos globais concentram seus esforços em Transformação Digital, mas apenas 30% atingem o sucesso devido a falhas na execução estratégica e na cultura. (McKinsey, 2018).
Passo 2: Cultura e organização
A cultura pode ser o maior acelerador ou o principal freio de um processo de TD. Consequentemente, o segundo passo exige a revisão dos valores mais intangíveis da organização. Neste sentido, a mentalidade deve mudar antes da tecnologia.
1. Segurança psicológica e experimentação
Empresas com culturas mais flexíveis, abertas ao erro e orientadas à aprendizagem e à experimentação têm mais facilidade em adotar novas tecnologias. O líder deve criar um ambiente onde as ideias possam ser testadas sem medo de represálias. Isso porque, o erro é uma oportunidade de aprendizado, e a criatividade deve ser celebrada como um diferencial.
2. Colaboração interna e agilidade
A TD exige a quebra de silos. A colaboração deve ser a base da nova cultura, unindo pessoas de diferentes equipes em prol de objetivos comuns. Portanto, Metodologias ágeis e a flexibilidade na busca por soluções são essenciais. Além disso, a alta liderança precisa promover novas maneiras de trabalho que fomentem maior autonomia e aprendizado contínuo.
Passo 3: Capacidades e talentos digitais
Não adianta ter a melhor tecnologia se o talento não souber usá-la. Ou seja, o terceiro passo concentra-se no desenvolvimento das habilidades que garantirão a execução da estratégia. Dessa forma, o foco migra da ferramenta para a competência humana.
1. Foco em dados e analytics
A informação reina na cultura de dados. As empresas que abraçam essa filosofia não se baseiam em intuições ou “achismos”, e sim em dados concretos e análises profundas para tomar decisões estratégicas. O líder deve investir em ferramentas e sistemas de análise de dados, transformando números brutos em insights valiosos.
2. Reskilling e upskilling da força de trabalho
Identifique as habilidades e conhecimentos digitais existentes na equipe e as lacunas que precisam ser preenchidas. O líder deve oferecer treinamento e desenvolvimento contínuos para ajudar os funcionários a adquirirem as habilidades necessárias para adotar novas tecnologias e processos, e assim, preparando os colaboradores para o futuro.
3. Alavancar tecnologias e plataformas
Atualize a infraestrutura de TI para suportar novas tecnologias, tais como computação em nuvem, inteligência artificial e big data. Em contrapartida, utilize a automação para melhorar a eficiência, reduzir custos e minimizar erros humanos. O líder deve garantir que a plataforma tecnológica seja moderna e flexível.
Passo 4: Governança e Métricas
O que não é medido não é gerenciado. Como resultado, o quarto passo da jornada transformação digital exige disciplina rigorosa para monitorar o progresso. Dito de outro modo, é o momento de tornar a TD quantificável.
1. Governança digital e compliance
Desenvolva políticas claras de governança digital para garantir que a segurança, privacidade e conformidade sejam mantidas durante a transformação. Crie um comitê ou grupo de trabalho responsável por supervisionar e orientar a transformação digital, garantindo que o risco seja gerenciado. Isto é vital para evitar armadilhas regulatórias.
2. Indicadores de desempenho (KPIs) e OKRs
O líder precisa estabelecer indicadores e métricas para monitorar o progresso da TD e ajustar as estratégias conforme necessário. O método OKR (Objetivos e Resultados-Chave), por exemplo, é ideal para alinhar uma visão ambiciosa com resultados mensuráveis. O ideal é que as metas atinjam uma pontuação de 0.6 a 0.7, indicando que a ambição foi alta.
Passo 5: Escala e sustentação
Muitas iniciativas perdem o ímpeto após o sucesso do piloto. Portanto, o quinto passo exige a sustentação das mudanças e a integração da nova cultura. Finalmente, é o passo que garante o ROI de longo prazo.
1. Sustentação das mudanças e eliminação de distrações
Evite voltar aos velhos hábitos. A jornada transformação digital é um processo de melhoria contínua. O líder deve focar e eliminar as distrações, dessa forma, assegurando que o novo modelo operacional se torne a nova norma.
2. Escalabilidade e proof of concept (POC)
É melhor desenvolver estratégias iniciais que demonstrem ROI (Retorno sobre o Investimento) em seis meses ou menos e conquistem a adesão por parte da liderança. Em seguida, você pode ajustar e escalar gradualmente esses protótipos iniciais em toda a organização. O sucesso é replicado em toda a empresa.
Conclusão
A jornada transformação digital é, sem dúvida, uma maratona. A diferença entre o sucesso (os 30%) e a falha (os 70%) reside na capacidade do líder de enxergar além da tecnologia e de focar nas quatro dimensões da maturidade digital: Estratégia, Capacidades, Organização e Cultura.
O sucesso sustentável exige uma visão ambiciosa, a coragem de experimentar e o compromisso de engajar todos os colaboradores. O líder deve ser o patrocinador ativo, o comunicador do propósito e o mentor da nova cultura digital.
Se você chegou até aqui, meus sinceros parabéns! Isso demonstra não só seu compromisso, mas também que você não está conformado com o status quo. Você está, com toda a certeza, pronto para virar a chave e iniciar essa transformação.
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Aline Bocardo
✍️ Sou Aline Bocardo, palestrante e mentora de líderes, especialista em Inteligência Artificial e Transformação Digital pelo MIT e em Liderança Executiva pela Harvard. Referência em Liderança 5.0, ajudo executivos a transformar tecnologia em estratégia, equipes de alta performance e resultados consistentes. Atuo há mais de 20 anos na gestão pública, privada e no terceiro setor, ajudando empresários e gestores a inovar com tecnologia, estratégia e impacto real.